Os novos talentos musicais desabrocham em programas de TV, depois de mergulhar contentores de adolescentes várias vezes por dia numa infusão de Lady Gaga + Mickael Carreira + Morangos com Açúcar prescrita pelos pais e educadores. E o país parece estar bem servido, avaliando pelas filas e filas de jovens desocupados que sonham trocar os cadernos pelos palcos com a complacência desses mesmos pais e educadores. Vai haver milhões de vocalistas bem-sucedidos, fugindo dos horrores do karaoke directamente para a capa das revistas. É o que lhes está prometido. E nós podemos não sair nunca da crise e estarmos para sempre dependentes das capacidades concretizadoras do Hélder Postiga, mas, pelo menos, estaremos cheios de estilo e saberemos como animar uma noite na praia junto a uma fogueira.
Já os velhos talentos musicais encontram-se, não na M80 que passa metade do seu tempo com conversa e publicidade de chacha, mas sim no futebol português, mormente na alaranjada II Liga. É verdade.
E há clássicos para todos os gostos. Começando logo pelo Rei. Sim, ele vive. E nós vimo-lo, incomodando avançados com os cotovelos em Santa Maria da Feira. Quando ginga as suas pernas, ele leva a transição ofensiva do adversário ao delírio. Quando pára e observa a multidão em êxtase, isso não significa que está a sentir a audiência, mas sim que está com enormes cãibras. Pois é, a idade não perdoa e a picanha antes dos jogos também não. Não acreditem quando ele diz “love me tender”, porque este menino é capaz de partir uma dúzia de tábuas seguidas só com a cabeça.
Na mesma equipa, podemos encontrar o alegre Mika, um tipo saltitão, deveras irritante com o seu falsete e que faz amigos com as borboletas. Quando a táctica passa por desconcentrar o adversário (i.e., o famoso “jogar no erro do adversário”), Mika é o nº1 – não há ninguém que o ature quando ele começa com aquelas cenas do “love, love me”. Nove em cada dez expulsões dos adversários em jogos do Feirense ocorreram por agressões a Mika. A outra expulsão foi a de João Pereira e não se deveu a nenhuma antipatia especial contra o Mika, mas sim ao seu feitio formatado no Casal Ventoso. Mika confessou-nos que o seu ídolo era o elefante Dumbo, por ser terno e carinhoso e outras mariquices do género, e que sabia que o Dumbo já tinha jogado em Portugal. Desapontámo-lo quando dissemos que Karagounis já cá não joga.
Movendo-se por paisagens mais alternativas, eis Beck. Não confundir com Bock, esse é um primo afastado que é um Super avançado das divisões inferiores, um senhor imperial na área, apreciador da pressão intrínseca destes escalões e que deixa um rasto de espuma de golos atrás de si. Este Beck é pau para toda a obra: faz rap, toca country, executa carrinhos arriscados, organiza a primeira fase de construção ofensiva com a cabeça levantada, ouve Sonic Youth e gosta de jogar ao meiinho nos treinos, mesmo quando fica no meio durante um treino inteiro. Porém, tanta polivalência tem os seus custos: quando as coisas correm mal, é o primeiro a ser acusado de “loser”. Até quando não joga. Que é o que costuma acontecer. “So why don’t you kill me?”, pergunta Beck em desespero. Bah, ainda não tivemos pachorra para te liquidarmos, só isso.
Na nossa proposta musical há evidentemente lugar para as baladas de amor, de maneira a chamar o mulherio para as bancadas. Representante do romantismo italiano, Ramazotti encanta as senhoras com a sua voz nasalada e a maneira escandalosa, mas altamente sensual, de desperdiçar golos com a baliza aberta de uma forma que até faz o Nuno Gomes corar de vergonha. E olhem que com as conversas que ouve no cabeleireiro já pouco faz corar o Nuno Gomes. Ramazotti estava na shortlist de aquisições do Gil Vicente, juntamente com Margão e Cimarron, e acabou por ingressar no clube apenas porque o acaso o quis. “Sono cose della vita”, confidenciou-nos.
Bom, mas também há espaço para a canção portuguesa. E enquanto aguardamos por alguém que jogue a médio-defensivo no Trofense que se chame Nel Monteiro e por algum Zé Cabra que desponte como extremo no Penafiel, já não é nada mau podermos partilhar momentos de fervor amoroso com Toy, a sirene humana de Setúbal. E também um avançado da egrégia geração encanada, “La Quinta del Pepa”, que contou com o próprio Pepa, este Toy, aquele Rui Baião, aqueloutro Mawete Júnior e o indistinto Tote. O Toy cantor desabafava que estava “estupidamente apaixonado” mas este Toy não demonstra paixão nenhuma. Pelo menos, por aquele espaço limitado por dois postes e uma barra, com redes ao fundo a decorar. Digamos que este Toy tem estado “estupidamente desapaixonado” em relação ao golo. E isto tem-se manifestado recorrentemente ao longo da sua carreira. Ou seja, esta é a verdadeira “Toy Story”.
PS – Decerto que toda a gente já constatou que Hélder Postiga, na realidade, não existe: existe apenas um clone do Matt Bellamy dos Muse que faz uma perninha no Sporting. Espero que compreendam agora a falibilidade do suposto ponta-de-lança. Ele não quer golos, ele quer é Grammys. Ponto.
Já os velhos talentos musicais encontram-se, não na M80 que passa metade do seu tempo com conversa e publicidade de chacha, mas sim no futebol português, mormente na alaranjada II Liga. É verdade.
E há clássicos para todos os gostos. Começando logo pelo Rei. Sim, ele vive. E nós vimo-lo, incomodando avançados com os cotovelos em Santa Maria da Feira. Quando ginga as suas pernas, ele leva a transição ofensiva do adversário ao delírio. Quando pára e observa a multidão em êxtase, isso não significa que está a sentir a audiência, mas sim que está com enormes cãibras. Pois é, a idade não perdoa e a picanha antes dos jogos também não. Não acreditem quando ele diz “love me tender”, porque este menino é capaz de partir uma dúzia de tábuas seguidas só com a cabeça.
Na mesma equipa, podemos encontrar o alegre Mika, um tipo saltitão, deveras irritante com o seu falsete e que faz amigos com as borboletas. Quando a táctica passa por desconcentrar o adversário (i.e., o famoso “jogar no erro do adversário”), Mika é o nº1 – não há ninguém que o ature quando ele começa com aquelas cenas do “love, love me”. Nove em cada dez expulsões dos adversários em jogos do Feirense ocorreram por agressões a Mika. A outra expulsão foi a de João Pereira e não se deveu a nenhuma antipatia especial contra o Mika, mas sim ao seu feitio formatado no Casal Ventoso. Mika confessou-nos que o seu ídolo era o elefante Dumbo, por ser terno e carinhoso e outras mariquices do género, e que sabia que o Dumbo já tinha jogado em Portugal. Desapontámo-lo quando dissemos que Karagounis já cá não joga.
Movendo-se por paisagens mais alternativas, eis Beck. Não confundir com Bock, esse é um primo afastado que é um Super avançado das divisões inferiores, um senhor imperial na área, apreciador da pressão intrínseca destes escalões e que deixa um rasto de espuma de golos atrás de si. Este Beck é pau para toda a obra: faz rap, toca country, executa carrinhos arriscados, organiza a primeira fase de construção ofensiva com a cabeça levantada, ouve Sonic Youth e gosta de jogar ao meiinho nos treinos, mesmo quando fica no meio durante um treino inteiro. Porém, tanta polivalência tem os seus custos: quando as coisas correm mal, é o primeiro a ser acusado de “loser”. Até quando não joga. Que é o que costuma acontecer. “So why don’t you kill me?”, pergunta Beck em desespero. Bah, ainda não tivemos pachorra para te liquidarmos, só isso.
Na nossa proposta musical há evidentemente lugar para as baladas de amor, de maneira a chamar o mulherio para as bancadas. Representante do romantismo italiano, Ramazotti encanta as senhoras com a sua voz nasalada e a maneira escandalosa, mas altamente sensual, de desperdiçar golos com a baliza aberta de uma forma que até faz o Nuno Gomes corar de vergonha. E olhem que com as conversas que ouve no cabeleireiro já pouco faz corar o Nuno Gomes. Ramazotti estava na shortlist de aquisições do Gil Vicente, juntamente com Margão e Cimarron, e acabou por ingressar no clube apenas porque o acaso o quis. “Sono cose della vita”, confidenciou-nos.
Bom, mas também há espaço para a canção portuguesa. E enquanto aguardamos por alguém que jogue a médio-defensivo no Trofense que se chame Nel Monteiro e por algum Zé Cabra que desponte como extremo no Penafiel, já não é nada mau podermos partilhar momentos de fervor amoroso com Toy, a sirene humana de Setúbal. E também um avançado da egrégia geração encanada, “La Quinta del Pepa”, que contou com o próprio Pepa, este Toy, aquele Rui Baião, aqueloutro Mawete Júnior e o indistinto Tote. O Toy cantor desabafava que estava “estupidamente apaixonado” mas este Toy não demonstra paixão nenhuma. Pelo menos, por aquele espaço limitado por dois postes e uma barra, com redes ao fundo a decorar. Digamos que este Toy tem estado “estupidamente desapaixonado” em relação ao golo. E isto tem-se manifestado recorrentemente ao longo da sua carreira. Ou seja, esta é a verdadeira “Toy Story”.
PS – Decerto que toda a gente já constatou que Hélder Postiga, na realidade, não existe: existe apenas um clone do Matt Bellamy dos Muse que faz uma perninha no Sporting. Espero que compreendam agora a falibilidade do suposto ponta-de-lança. Ele não quer golos, ele quer é Grammys. Ponto.
2 comentários:
claramente desapontado pela indiferença à ÓBVIA semelhança entre o Fucile e o lider dos Grizzly Bear...
Amigos e colegas, criamos um video que mostra mais uma das verdades do futebol português, e estamos a começar uma petição, para recebermos o Benfica no Dragão com flores e beijinhos.
Gostávamos de contar com o vosso apoio para a divulgar.
Porque acreditamos que se formos muitos, vamos conseguir envergonhar e colocar ao ridículos, todas as ultimas atitudes do Benfica...
http://www.bestoffutebol.com/2010/10/autocarro-do-benfica.html
Enviar um comentário